PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental Interactions between pharmacotherapy in service mental health specialist Interacciones entre farmacoterapia en servicio especialista de salud mental Márcia Astrês Fernandes
Farmacêutica. Enfermeira. Mestre em Enfermagem/
UFRJ. Doutoranda da Universidade de São Paulo
O surgimento dos psicotrópicos representou grande avanço na prática clínica da psiquiatria e saúde
– USP. Professora Adjunta da Universidade Federal
mental. O presente estudo apresenta como objetivos, destacar as interações medicamentosas mais
do Piauí – UFPI e da Faculdade NOVAFAPI. E-mail:
frequentes em um serviço especializado de saúde mental no município de Teresina – Piauí e discutir
medidas que possam diminuir o número de possíveis interações entre os psicofármacos. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado por meio da análise de 131 prescrições
Cristiano Ribeiro Gonçalves Affonso
médicas de pacientes ambulatoriais no período compreendido entre os meses de janeiro a fevereiro
Farmacêutico. Mestre em Farmacologia/UFPI. Perito
de 2011. Na execução desta pesquisa as principais interações foram: diazepam e amitriptilina (21%),
Criminal da Polícia Civil do Estado do Piauí.
fenitoína e fenobarbital (6%). A pesquisa permitiu constatar que as interações medicamentosas po-dem comprometer o tratamento, sendo importante que os profissionais de saúde conheçam os
Lara Emanueli Neiva de Sousa
riscos dessas interações para evitar problemas na terapêutica e promover uma melhor qualidade
Discente do Curso de Enfermagem da Universidade
Federal do Piauí – UFPI. Participante do Programa
Descritores: Psicotrópicos. Psicofarmacologia. Saúde mental.
de Iniciação Científica Voluntária da UFPI. Membro
do Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e
ABSTRACT
The appearance of psychotropic represented great progress in the clinical practice of psychiatry and
Maria das Graças Freire de Medeiros
mental health. The present study has as objective to highlight the most frequent drug interactions
Farmacêutica. Mestre em Ciências Farmacêuticas/
in a specialized mental health in the city of Teresina - Piauí and discuss measures that can reduce the
UFRN.Doutora em Biotecnologia RENORBIO/UECE.
number of possible interactions between psychotropics. This is a descriptive study with quantitative
Professora Adjunta da UFPI. Coordenadora do Curso
approach carried out through analysis of 131 prescriptions for outpatients in the period between the
de Farmácia da Universidade Federal do Piauí – UFPI.
months January-February 2011. In carrying out this research the main interactions were diazepam, amitriptyline (21%), phenytoin and phenobarbital (6%). The research has found that drug interac- tions may compromise treatment it is important that health professionals know the risks of these interactions to avoid problems in the treatment and promote better quality of life for users. Descriptors: Psychotropic. Psychopharmacology. Mental health.
La aparición de sustancias sicotrópicas, representan un progreso grande en la práctica clínica de psiquiatría y salud mental. El presente estudio tiene como objetivo poner de relieve las interacciones farmacológicas más frecuentes en la salud mental especializados en la ciudad de Teresina - Piauí y debatir las medidas que pueden reducir el número de interacciones posibles entre los psicotrópicos. Este es un estudio descriptivo con enfoque cuantitativo llevado a cabo a través del análisis de 131 recetas para pacientes ambulatorios en el período comprendido entre los meses de enero-febrero de 2011. Para llevar a cabo esta investigación fueron las principales interacciones diazepam, amitrip-tilina (21%), fenitoína y fenobarbital (6%). La investigación ha encontrado que las interacciones entre medicamentos pueden comprometer el tratamiento es importante que los profesionales de la salud conocen los riesgos de estas interacciones para evitar problemas en el tratamiento y promover una
mejor calidad de vida de los usuarios. Descriptores: Psicotrópicas. Psicofarmacología. Salud mental.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
medidas que possam diminuir o número de possíveis interações entre os psicofármacos. 1.1 Contextualização do Problema 1.2 Revisão sobre Psicofarmacologia
A partir da segunda guerra mundial, mais especificamente na dé-
cada de 50 com a descoberta dos psicofármacos, a atuação dos profissio-
As drogas psicotrópicas são definidas como substâncias que atuam
nais no ramo da psiquiatria sofreu transformações significativas, deixando
no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento,
de ser executado um tratamento voltado para a loucura para dedicar-se
humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora, e assim
a medicar as manifestações de sofrimento psíquico (GENTIL et al. 2007).
uma passividade para auto-administração (CARLINI et al. 2001). Na atuali-
Essa mudança no panorama da psiquiatria possibilitou que vários
dade os psicofármacos mais utilizados são: ansiolíticos e hipnóticos, anti-
pacientes anteriormente condenados a passar o resto de seus dias na
depressivos, estabilizadores do humor, anticonvulsivantes e antipsicóticos
mendicância ou em asilos, fossem reintegrados às suas famílias, uma vez
ou neurolépticos (GREVETE; CORDIOLI, 2000).
que a partir dessa década foi iniciada a síntese de medicamentos psicoa-
Os ansiolíticos e tranquilizantes são utilizados no tratamento
tivos, que exerciam um bom controle dos sintomas das psicopatologias
da ansiedade mais apropriadamente quando esta se encontra associada a
outros distúrbios psiquiátricos como à depressão e ao distúrbio do pânico.
Desta forma, atualmente as patologias psíquicas são tratadas com
Atualmente, os inibidores da recaptação da serotonina e, principalmente,
o uso simultâneo de vários medicamentos, o que resultou em uma prática
os benzodiazepínicos são os fármacos mais indicados para tratamento da
bastante comum e diretamente relacionada ao risco de interações me-
dicamentosas. Essa politerapia é utilizada quando se deseja obter efeito
Os benzodiazepínicos atuam como depressores do SNC produzin-
terapêutico sinergético, acarretando assim uma maior eficácia no trata-
do níveis de depressão, desde uma leve sedação até hipnose, dependen-
mento (GREVETTE; CORDIOLI, 2000). Entretanto, as combinações medi-
do da dose. Eles atuam por sua capacidade de promover a ligação do prin-
camentosas podem resultar em interações medicamentosas indesejadas,
cipal neurotransmissor inibitório o ácido γ-aminobutírico (GABA). Dentro
desencadeando vários problemas e reações adversas.
desse grupo, destaca-se o clonazepam e o diazepam (GILMAN et al. 2003).
As interações medicamentosas são alterações nos efeitos de um
O clonazepam tem diversas indicações como o tratamento do
medicamento em razão da administração simultânea de outro medica-
transtorno do pânico, de crises mioclônicas e crises de ausências do tipo
mento (interações do tipo medicamento-medicamento) ou do consumo
epilépticas refratárias à succinimidas ou ácido valpróico . Enquanto o dia-
de determinado alimento (interações do tipo alimento- medicamento).
zepam está indicado no alívio sintomático da ansiedade, agitação e tensão
Frequentemente as interações medicamentosas são indesejáveis e preju-
decorrentes de estados psiconeuróticos e de distúrbios passageiros causa-
diciais, todavia, em alguns casos os efeitos de medicamentos combinados
dos por situação estressante. Entre seus efeitos colaterais estão a depres-
podem ser benéficos (GILMAN et al. 2003).
são respiratória, a queda da pressão arterial e o aumento da frequência
O risco de ocorrência de interação medicamentosa depende do
cardíaca (KAPLAN et al. 2007).
número de medicamentos usados, da tendência que determinadas dro-
As interações medicamentosas desses fármacos em relação aos ou-
gas têm para a interação e da quantidade administrada do medicamento.
tros grupos farmacológicos são: a diminuição de sua ação pela carbama-
A interação pode acontecer de muitas formas. Um medicamento pode,
zepina, o aumento dos riscos de depressão respiratória quando associado
por exemplo, alterar os aspectos farmacocinéticos de outro fármaco, como
à clozapina e o aumento de seus efeitos de baixa da pressão sangüínea
a velocidade de absorção, o metabolismo ou a excreção , resultando em
quando associado a outros medicamentos hipotensores (KATZUNG, 2003).
alterações na concentração da droga no organismo e, consequentemente,
Os antidepressivos são utilizados no tratamento da depressão
falha na terapia ou efeitos tóxicos (RANG et al. 2001).
maior (depressão clinicamente significante do humor e comprometimen-
Um grande número de interações medicamentosas é possível,
to da funcionalidade, podendo estar associada à psicose). Dentre as várias
particularmente quando se analisam as drogas que atuam no sistema
classes de fármacos desse grupo, destacam-se os antidepressivos tricícli-
nervoso central como antipsicóticos, antidepressivos, anticonvulsivantes,
cos e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) (GILMAN,
ansiolíticos e estabilizadores do humor. As associações envolvendo esses
fármacos são bastante comuns; porém, nem sempre são possíveis de se-
Os antidepressivos tricíclicos atuam aumentando a concentração
na sinapse de norepinefrina ou de serotonina no sistema nervoso cen-
Assim, devido ao grande número de possíveis interações nas as-
tral, ao bloquear sua recaptação pela membrana neuronal pré-sináptica.
sociações de medicamentos utilizados nas enfermidades mentais, faz-se
A amitriptilina pertence a essa classe farmacológica, sendo indicada na
necessário uma avaliação dos riscos dessas interações, bem como, das
síndrome depressiva maior, na doença maníaco-depressiva, nos distúrbios
possíveis medidas para diminuir o número dos efeitos indesejados. O ide-
depressivos na psicose e em estados de ansiedade associados com de-
al seria que todas as interações pudessem ser evitadas, mas considerando
pressão (SCHATZBERG et al. 2009).
que nem sempre é possível a substituição de medicamentos que evitem a
As interações medicamentosas desse fármaco são: a diminuição
ocorrência das interações entre grupos farmacológicos, torna-se necessá-
do limiar para crises epilépticas exigindo aumentos de doses de anti-
rio o esclarecimento da ação e da indicação desses grupos farmacológicos,
convulsivantes, a diminuição de sua ação pelo fenobarbital e pela car-
bem como, de suas possíveis interações medicamentosas.
bamazepina. Além do aumento de reações adversas quando associada à
Ante o exposto, o presente estudo apresenta como objetivos des-
clozapina, haloperidol ou fenotiazidas e o aumento dos riscos de reações
tacar as interações medicamentosas mais frequentes em um serviço es-
extrapiramidais se associada a outros medicamentos que causam reações
pecializado de saúde mental no município de Teresina – Piauí e discutir
extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007)
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012.
Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental
Na classe dos ISRS destaca-se a fluoxetina que atua por meio da ini-
Quanto às interações medicamentosas do ácido valpróico podem
bição seletiva da recaptação da serotonina, resultando em acúmulo desse
ser destacadas: o aumento da ação e dos efeitos tóxicos do fenobarbital, o
neurotransmissor nas sinapses nervosas. Indicada para o tratamento de
aumento da ação da carbamazepina, o aumento dos riscos de toxicidade
transtornos depressivos e de transtorno obsessivo-compulsivo, suas inte-
com a fenitoína, a diminuição de sua ação pela fenitoína e pela carbama-
rações medicamentosas incluem: o aumento do risco de reações adversas
zepina e o risco de toxicidade hepática quando associado a outros medi-
quando associada à clozapina, haloperidol, fenotiazinas, lítio ou fenitoína;
camentos hepatotóxicos (KAPLAN et al. 2007).
o aumento dos riscos de toxicidade da carbamazepina quando a ela asso-
Os anticonvulsivantes são fármacos utilizados para tratamento de
ciada e graves reações adversas com antidepressivos tricíclicos. Neste caso,
crises convulsivas diversas tratando os sintomas da epilepsia. Existem di-
as concentrações dos antidepressivos tricíclicos aumentam muito, e este
versos fármacos utilizados para esse fim, entre eles as hidantoínas (feni-
efeito que pode perdurar por três ou mais semanas após a interrupção da
toína) e os barbitúricos (fenobarbital). A fenitoína parece atuar limitando
fluoxetina (KAPLAN et al. 2007).
os disparos de potencias de ação repetitivos através do alentecimento da
Os estabilizadores do humor são substâncias utilizadas para a
taxa de recuperação da inativação dos canais de sódio ativados por volta-
manutenção da estabilidade do humor, não sendo essencialmente an-
gem, sendo indicada para tratamento de convulsões e estado epiléptico
tidepressivas, nem sedativas. Internacionalmente reconhecem-se três
substâncias capazes de desempenhar tal papel: o lítio, a carbamazepina, o
As principais interações medicamentosas envolvidas com esse psi-
ácido valpróico e mais recentemente o divalproato de sódio.
cofármaco são: diminuição da ação da carbamazepina; aumento de sua
A indicação exclusiva para estabilizadores do humor são os trans-
ação pela fluoxetina e pelo ácido valpróico; efeitos imprevisíveis quando
tornos afetivos bipolares e os episódios de mania (euforia) ou de hipoma-
associada ao fenobarbital e diminuição da sua ação, em função da dimi-
nia. O tratamento do transtorno afetivo bipolar sem estes estabilizadores
nuição do limiar convulsivo, por antidepressivos tricíclicos, clozapina, ha-
do humor se complica devido ao fato dos antidepressivos estarem sujeitos
loperidol e fenotiazinas (KAPLAN et al. 2007).
a desencadear crises de euforia, assim como os sedativos terem probabili-
O fenobarbital atua como depressor não seletivo do sistema ner-
dade de desencadear a depressão. O mecanismo de ação desses fármacos
voso central promovendo a ligação a receptores inibitórios GABA. Ele está
não está completamente esclarecido e eles atuam de maneira distinta
mais bem indicado para convulsão febril (em especial em crianças), epi-
lepsia e, em alguns casos, como sedativo. O fenobarbital pode ter sua ação
O lítio (carbonato de lítio) parece atuar por efeito estabilizador do
aumentada pelo ácido valpróico e pode diminuir a ação de antidepressi-
ânimo com uma redução na concentração de alguns neurotransmissores
vos tricíclicos (GILMAN et al. 2003).
(catecolaminas), mediada possivelmente pelo efeito do íon lítio na enzima
Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores
adenosina trifosfatase Na+/K+-dependente, produzindo um aumento no
das funções psicomotoras, como é o caso da excitação e da agitação.
transporte transmembrana neuronal do íon sódio (RANG et al. 2001).
Paralelamente eles atenuam também os distúrbios neuropsíquicos ditos
Este fármaco é bastante indicado para o tratamento da doença
psicóticos, tais como os delírios e as alucinações sendo utilizados, princi-
maníaco-depressiva, sendo suas principais interações medicamentosas:
palmente, no tratamento da esquizofrenia (SCHATZBERG et al. 2009).
aumento dos seus efeitos tóxicos pelo haloperidol e pela fluoxetina; dimi-
Esses psicofármacos podem ser divididos em três classes: os neuro-
nuição da ação das fenotiazinas (principalmente da clorpromazina); dimi-
lépticos sedativos que são os antipsicóticos cujo principal efeito é a sedação;
nuição de sua ação por antidepressivos tricíclicos e pode ter seus efeitos
os neurolépticos incisivos que têm como efeito principal a remoção de delí-
tóxicos mascarados pelas fenotiazinas (KATZUNG, 2003).
rios e alucinações e os neurolépticos atípicos que possuem uma diversidade
A carbamazepina pode deprimir a atividade do núcleo ventral an-
de ações se mostrando um novo e valioso recurso terapêutico nas psicoses,
terior do tálamo, porém o significado não está completamente esclareci-
principalmente naquelas refratárias aos demais antipsicóticos e nos casos
do. Como antineurálgico pode atuar no SNC diminuindo a transmissão
de intolerância aos efeitos colaterais extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007).
sináptica ou a adição da estimulação temporal que dá origem à descarga
Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem receptores
neuronal. Outras indicações importantes inclui o tratamento da epilepsia
adrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, todos eles
têm em comum a ação farmacológica de bloquearem os receptores do-
Por ser indutora enzimática de várias enzimas (isoformas CYP3A4
paminérgicos. Quase todos os antipsicóticos reduzem a atividade motora
e CYP2C do citocromo P450 e a UDP-glicuronosiltranferase) ela interage
espontânea e, entre seus efeitos colaterais, está o acometimento do siste-
diminuindo a ação de diversos fármacos entre eles a fenitoína, o fenobar-
ma motor extrapiramidal (KATZUNG, 2003).
bital, os benzodiazepínicos, o ácido valpróico, o haloperidol e a risperido-
As reações extrapiramidais têm como sintomas a dificuldade de
na; além disso, pode aumentar os riscos de depressão no sistema nervoso
falar ou de engolir, a perda do controle dos movimentos harmônicos, face
central quando associada a antidepressivos tricíclicos (KATZUNG, 2003).
sem expressão (como máscara), andar arrastado, inflexibilidade dos braços
O ácido valpróico pode atuar através do aumento direto ou secun-
e pernas, tremor e agitação das mãos e dedos (KATZUNG, 2003).
dário das concentrações do neurotransmissor inibidor GABA, possivel-
O haloperidol é um antipsicótico incisivo. Ele produz um bloqueio
mente causado pela redução de seu metabolismo ou sua recaptação nos
seletivo sobre o SNC por bloqueio competitivo dos receptores dopami-
tecidos cerebrais e atua, também, prolongando a recuperação dos canais
nérgicos pós-sinápticos, no sistema dopaminérgico mesolímbico, e um
de sódio ativados por voltagem no estado de inativação (efeito observado
aumento do intercâmbio de dopaminas no nível cerebral. Esse medica-
em outros anticonvulsivantes como a carbamazepina e a fenitoína). A dro-
mento é indicado para o tratamento de distúrbios psicóticos agudos e
ga tem indicação, principalmente, para o tratamento da epilepsia e como
crônicos que incluem esquizofrenia, estados maníacos e psicose induzida
coadjuvante no tratamento das crises mistas da epilepsia e do transtorno
por fármacos, além de indicados para pacientes agressivos e agitados e
bipolar do humor (GILMAN et al. 2006).
para problemas graves de comportamento (RANG et al. 2001).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012.
Essa droga pode ter sua ação diminuía pelo fenobarbital, carbama-
Atualmente o ambulatório do HAA conta com uma equipe multipro-
zepina e fenitoína e pode aumentar as reações adversas quando associado
fissional composta por psiquiatra, enfermeira, psicóloga, odontólogo, tera-
à fluoxetina, ao lítio, aos antidepressivos tricíclicos ou a medicamentos que
peuta ocupacional e assistente social. O atendimento ao usuário é realizado
causam reações extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007).
por demanda espontânea e a marcação de consultas ocorre no horário de
As fenotiazinas (clorpromazina, levomepromazina) são antipsicó-
06:30 às 17:00 horas de segunda a sexta . No ano de 2011 foram realizados
ticos sedativos e atuam bloqueando os receptores pós-sinápticos dopa-
27.571 atendimentos por toda a equipe multidisciplinar, evidenciando as-
minérgicos mesolímbicos no cérebro. Desta forma, são indicados para
sim a importância deste serviço para os usuários do sistema de saúde men-
diversos distúrbios psicóticos como esquizofrenia e problemas de com-
tal do Estado do Piauí, bem como para as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
portamento (KAPLAN et al. 2007).
Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação
Os autores ainda afirmam que suas interações medicamentosas
da diretoria do Hospital Areolino de Abreu para obtenção do termo de
são semelhantes e compreendem: o aumento da ação de antidepressivos
aquiescência. E em seguida iniciada a execução da coleta de dados, utili-
tricíclicos, a diminuição de sua ação pelo lítio, riscos de causar queda da
zando-se da pesquisa documental em receituários médicos, com preser-
pressão sanguínea quando associada a outros medicamentos que causam
hipotensão e aumento dos riscos de reações extrapiramidais quando asso-
Foram selecionadas e analisadas 131 prescrições médicas dos usu-
ciada a outros medicamentos que causam reações extrapiramidais.
ários em tratamento ambulatorial, no período compreendido de janeiro a
Existem diversos antipsicóticos atípicos disponíveis para o tratamento
fevereiro de 2011, sendo posteriormente separadas em grupos conforme
de distúrbios psicóticos possuindo uma superioridade terapêutica sobre os
o número de medicamentos. Foram selecionados os quinze psicofárma-
demais antipsicóticos, principalmente por causaram menos efeitos colaterais
cos mais prescritos no serviço de saúde.
extrapiramidais. Entre esses está a risperidona, cujo mecanismo de ação é des-
A partir do levantamento dos dados, foi elaborado um quadro com
conhecido, embora se acredite que sua atividade seja devido um bloqueio
as possíveis interações medicamentosas relacionando os fármacos mais
combinado dos receptores dopaminérgicos D2 e dos receptores serotoninér-
prescritos. Desta forma, o quadro foi utilizado para avaliar o número de
gicos S2 (antagonista dopaminérgico-serotoninérgico) (GILMAN et al. 2006).
associações medicamentosas presentes em cada prescrição médica; além
A risperidona tem diversas indicações sendo utilizada como coad-
disso, foram destacadas, entre elas, as mais frequentes e realizadas compa-
juvante no tratamento de mudanças do comportamento ou transtornos
rações entre os resultados obtidos para as prescrições analisadas.
afetivos em pacientes com deficiência mental e no tratamento da esqui-zofrenia aguda ou crônica. Tem eficácia similar aos demais antipsicóticos,
3 RESULTADOS
mas com um perfil vantajoso de efeitos adversos, apresentando efeitos co-laterais extrapiramidais brandos em apenas 17% dos pacientes, enquanto
No levantamento dos 15 psicofármacos presentes nas 131 prescri-
a clozapina parece atuar devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgi-
ções médicas do serviço de saúde em estudo foram identificados o quan-
cos, tanto D1 como D2, no sistema límbico (RANG et al. 2001).
titativo e as possíveis interações medicamentosas com a referida amostra,
Nos estudos realizados essa droga apresenta excelente perfil te-
rapêutico e não provoca efeitos colaterais extrapiramidais, porém pode causar graves problemas hematológicos; por isso, outros antipsicóticos atípicos são ainda mais vantajosos como a olanzapina e a quetiapina. A risperidona pode aumentar a ação da fenitoína, provocar aumento das reações adversas com lítio e provocar queda na pressão arterial se associa-da a outros medicamentos que causam hipotensão (KAPLAN et al. 2007).
A prometazina tem propriedades bloqueadoras H1 histaminérgi-
cas, antimuscarínicas e sedativas. É utilizada para enjôo em viagem, náu-sea, rinite alérgica e sedação. Na psiquiatria pode diminuir o limiar para crises epilépticas e exigir acertos de dose de anticonvulsivantes, pode aumentar os riscos de reações extrapiramidais quando associada a outros
Quadro 01: Possíveis interações entre alguns dos principais medi-
medicamentos que causam reações extrapiramidais e pode aumentar os
camentos sujeitos a controle especial utilizados no Hospital Areolino de
riscos de toxicidade no fígado quando associada a outros medicamentos
hepatotóxicos (GILMAN et al. 2003).
MATERIAL E MÉTODO
ode aumentar a ação e/ou os efeitos tóxicos.
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo que buscou analisar as
ode diminuir a ação (exigindo aumento de doses).
ode ter seus efeitos tóxicos mascarados.
interações medicamentosas entre os principais medicamentos sujeitos a con-
ode ter efeitos imprevisíveis e/ou reações adversas graves.
trole especial presentes em prescrições médicas no Hospital Areolino de Abreu.
ode aumentar os riscos de reações extrapiramidais.
O local de desenvolvimento desta pesquisa foi no Ambulatório In-
ode aumentar o risco de queda da pressão sangüínea.
tegrado de Saúde Mental do Hospital Areolino de Abreu (HAA) localizado
: P ode aumentar os riscos de toxicidade no fígado.
na Rua Joe Soares Ferry, 2420, bairro Primavera na cidade de Teresina – Piauí. O referido serviço de saúde é referência no atendimento ao paciente
Fontes: CAETANO, N. BPR – Guia de Remédios. São Paulo, 11. ed., 2012.
GILMAN, A.G. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 3. ed. 2003.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012.
Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental
Na execução da pesquisa permitiu-se realizar uma contagem das
da frequência das interações medicamentosas, sem um aprofundamento
interações medicamentosas com uma boa dinâmica, pois foi possível ana-
acerca do assunto. Podemos constatar também que a ausência de uma
lisar uma amostra representativa de prescrições médicas em tempo razoá-
base de dados computadorizada dificulta a comparação de resultados e
vel, conforme quadro 02. Porém, para uma análise com número maior de
consolidação de informações sobre as interações existentes entre os psi-
prescrições médicas, seria necessário o uso de programas de computador
com banco de dados apropriados que permitissem maior economia de
Dentre as prescrições médicas analisadas neste estudo, poucas
apresentavam mudanças na posologia que pudessem diminuir a possibi-lidade de interações medicamentosas e na maioria das vezes os medica-
Quadro 02: Avaliação do número de interações medicamentosas,
mentos eram prescritos com posologia semelhante.
entre os principais medicamentos sujeitos a controle especial, presente
Constatamos que mudanças vantajosas na posologia dos medica-
em prescrições para pacientes ambulatoriais. Teresina, 2011.
mentos podem ser feitas em algumas dessas prescrições médicas conhe-cendo-se a meia-vida e o pico de ação dos fármacos associados; porém, em muitas prescrições, essas mudanças são difíceis devido ao número elevado da administração diária que o paciente necessita e a utilização de fármacos com meia-vida longa. Além disso, quando o quadro do paciente exige o uso de muitos fármacos, é difícil evitar o uso concomitante destes.
Neste sentido percebemos um aumento na prescrição de psicofár-
macos com a combinação de vários medicamentos para o controle dos sintomas psíquicos dos transtornos mentais.
No gráfico 01 foi possível identificar as interações mais frequentes
Corroborando com o contexto exposto, um estudo realizado em
e constatou-se maior chance de ocorrência de reações extrapiramidais,
uma cidade localizado no sudoeste paulista apresentou, entre os anos
ratificando o resultado apresentado no quadro 01.
de 2002 e 2006, um aumento de 280% na administração de vários psi-cofármacos dispensados à população pela Rede Pública de Saúde (LAMB,
Gráfico 01: Quantificação das mais frequentes interações medica-
mentosas, em porcentagem, nas prescrições médicas para pacientes am-
Durante a execução deste estudo percebeu-se que a incidência de
bulatoriais no Hospital Areolino de Abreu. Teresina, 2011.
interações medicamentosas que podem ocasionar reações adversas foi significativa, alcançando 6% das interações, sendo na maioria a associação de fenitoína e fenobarbital. Esse tipo de associação pode ser preocupante, principalmente, no tratamento a nível ambulatorial, visto que não se tem o contato diário com o cliente, assim a prescrição deve ser cautelosa e bem analisada antes de prescrita.
Fenobarbital e fenitoína foram, durante muitos anos, as únicas op-
ções terapêuticas disponíveis para o tratamento das epilepsias, e o uso isolado ou associação dessas duas drogas era a base do tratamento. Havia, inclusive, apresentações comerciais que já associavam essas duas medica-ções (KATUZUNG, 2003).
O autor ainda informa que as interações medicamentosas ocorrem
D®Há maior chance de reações extrapiramidais.
devido à alteração da farmacocinética e da farmacodinâmica de uma de-
¯®Pode haver diminuição da ação pela carbamazepina.
terminada droga provocada pela adição de um novo medicamento ao tra-
x®Pode haver reações adversas graves.
tamento. Como as drogas antiepilépticas possuem uma janela terapêutica
* àOutras interações medicamentosas.
estreita, ou seja, a dose terapêutica está muito próxima da dose tóxica, o tratamento medicamentoso do paciente epiléptico deve ser individuali-
DISCUSSÃO
Importa ressaltar que os pacientes ao usarem psicofármacos de-
Uma dificuldade existente na prática psiquiátrica é a escolha das
vem ser orientados quanto ao surgimento de possíveis reações adversas
medicações para os diversos quadros clínicos. Desta forma, é bastante co-
e a não interromper o tratamento de forma abrupta, considerando que a
mum na prática substituições apressadas de medicamentos, ou seu uso
interrupção pode agravar o estado da doença. Ressalta-se ainda que os
em subdoses e, principalmente, a associação de psicofármacos de dife-
mesmos não devam ingerir álcool durante o tratamento e devem tomar
cuidado ao operarem máquinas pesadas devido ao risco de sonolência
Neste contexto, faz-se uso da polifarmácia, ou seja, do uso conco-
mitante de vários psicofármacos, o que acarreta no aumento da possibi-
Durante a realização da referida pesquisa percebemos outra com-
lidade de interações medicamentosas. Esta realidade pode ser justificada
binação medicamentosa nas prescrições médicas dos pacientes ambula-
pelo crescimento significativo das possibilidades de combinações medi-
toriais com dois medicamentos , o diazepam e a amitriptilina , represen-
No panorama brasileiro existem poucos estudos sobre interações
Os benzodiazepínicos foram introduzidos na terapêutica na década
medicamentosas, visto que a maioria deles fica restrita a quantificação
de 1960, são fármacos depressores do Sistema Nervoso Central (SNC), uti-
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012.
lizados como hipnóticos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e miorrelaxantes,
palmente a estabilização do humor, dentre elas destacamos a carbamaze-
sendo o diazepam o psicofármaco mais conhecido dessa classe e bastante
pina. Esse psicofármaco foi sintetizado em 1957 e introduzido no mercado
usado pela população (CRUZ et al. 2000).
europeu em 1960 como tratamento da epilepsia e atualmente é utilizado
Um estudo transversal realizado em Serviço Municipal de Saúde de
no tratamento da mania aguda, bipolar misto e transtornos convulsivos
Coronel Fabriciano, Minas Gerais, evidenciou que dentre os benzodiazepí-
nicos prescritos para os usuários do serviço de saúde o mais utilizados foi
Os autores ainda fazem um alerta com relação a esse medicamen-
o diazepam e que o uso indiscriminado e excessivo desses fármacos pode
to, pois como o mesmo apresenta propriedades antiepilépticas, neurotró-
expor os pacientes a efeitos adversos desnecessários e interações medica-
picas e agente psicotrópico, o paciente que faz uso deste fármaco deve
mentosas potencialmente perigosas (FIRMINO et al. 2011).
ter cuidado ao dirigir, ao manusear máquinas ou ao realizar trabalhos que
A depressão caracteriza-se por ser um transtorno crônico e recor-
exijam atenção e coordenação. E em casos de pacientes idosos podem
rente que se caracteriza por um ou mais episódios depressivos, com pelo
ser mais sensíveis que os jovens à agitação e confusão, bloqueio cardíaco
menos duas semanas de humor deprimido associado a sintomas como:
auriculoventricular ou bradicardia induzidos pela carbamazepina.
pessimismo persistente, sentimentos de culpa, dificuldade de concentra-ção, desamparo, diminuição do desejo sexual, aumento da irritabilidade,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
insônia e perda de apetite (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005).
O tratamento dessa patologia consiste em: psicoterapia e terapia
Em face do exposto, a execução deste estudo permitiu constatar a
medicamentosa com antidepressivos. Os medicamentos utilizados per-
presença de um grande número de possíveis interações medicamentosas,
tencem às seguintes classes: antidepressivos tricíclicos (ADTs), inibidores
pois vários fármacos têm ação sobre o metabolismo de outros e muitas
seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), inibidores seletivos da re-
vezes o mecanismo de ação ou os efeitos colaterais se sobrepõem aumen-
captação da serotonina e noradrenalina (ISRSNs), inibidores da monoami-
nooxidase (IMAOs) e os antidepressivos atípicos (ISTILLI et al. 2010).
Assim, percebeu-se a necessidade de procurar artifícios que dimi-
Atualmente existem mais de 20 antidepressivos de distintas classes
nuam as chances de prejuízos devido a essas interações. Porém, apesar de
sendo comercializados no Brasil. Outros são disponibilizados apenas em
observado que a substituição por fármacos mais modernos pode diminuir
farmácias de manipulação ou são comercializados apenas no exterior. A
essas interações, é necessária muita cautela para realizar a substituição de
maioria tem sua eficácia bem estabelecida e até o presente momento não
medicamentos sendo necessário o conhecimento preciso em relação ao
foi comprovada a superioridade em eliminar os sintomas depressivos de
diagnóstico e ao arsenal terapêutico disponível.
uma droga sobre as demais (GREVET et al. 2005).
Destacamos outro fator que dificulta essa substituição que consiste
Conforme os autores, na escolha desses psicofármacos deve ser le-
no elevado preço dos fármacos mais modernos. Desta forma, uma alter-
vado em consideração fatores como o paciente, o quadro que apresenta,
nativa para redução das possíveis interações medicamentosas ao alcance
além da própria experiência do médico e levar em conta, sobretudo, a
dos profissionais é a modificação na posologia dos medicamentos levan-
aceitação pelo paciente, a tolerância e o custo.
do em conta os princípios farmacocinéticos dos medicamentos.
A droga amitriptilina pertence à classe dos antidepressivos tricí-
Portanto, faz-se necessário a realização de estudos mais apro-
clicos e no momento de combinar esse fármaco com outras drogas de-
fundados levando em consideração não apenas as possíveis interações
vem ser bem analisadas as possibilidades de interações medicamentosas
medicamentosas; mas também o número real dessas interações por meio
,especialmente quando se trata da população idosa , devido ao uso de
do acompanhamento de pacientes e estudos de farmacovigilância com
outros medicamentos como anti-hipertensivos, anticolinérgicos e anesté-
vistas a uma análise mais abrangente do real impacto das interações me-
dicamentosas sobre a eficácia terapêutica.
A possibilidade de haver diminuição da ação pela carbamazepina
Desta forma, este estudo é relevante, pois se configura em um ins-
também é elevada, pois esse medicamento interage dessa forma com me-
trumento para disseminar mais conhecimentos sobre a temática e, além
tade dos demais medicamentos selecionados neste estudo. A frequência
disso, serve como um alerta para os profissionais da saúde mental procu-
dessa associação foi bastante elevada nas prescrições médicas analisadas.
rarem conhecer mais sobre os psicofármacos e suas interações, melhoran-
Dessa forma, pode ser observado que a substituição da carbama-
do suas orientações aos usuários e familiares, tornando assim seu cuidado
zepina por outro fármaco pode diminuir o número de possíveis interações
mais especializado e eficaz e contribuindo de forma mais efetiva para a
medicamentosas. Todavia, a substituição de fármacos utilizados para tra-
tamento de transtornos mentais nem sempre é possível, além de exigir
Espera-se ainda que a pesquisa possa servir como fonte de infor-
uma análise aprofundada sobre diagnóstico do paciente, a existência de
mação para estudantes, pesquisadores, ou outros profissionais em futuros
diversas patologias que podem estar envolvidas e as diferentes indicações
estudos e ou intervenções, colaborando, dessa forma, para a construção
do conhecimento na área da psicoframacologia.
Na última década deu-se uma atenção crescente ao uso de medi-
cações anticonvulsivantes clássicas na psiquiatria para promover princi-
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012.
Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental
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International Journal of COPD open access to scientific and medical researchClinical pathway for acute exacerbations of chronic obstructive pulmonary disease: method This article was published in the following Dove Press journal: International Journal of COPD28 June 2011Number of times this article has been viewed Background: Randomized controlled trials, evidence-based medicine, clinical