ARTIGO ARTICLE Diagnóstico das práticas de alimentação complementar para o matriciamento das ações na Atenção Básica
Diagnosis of complementary feeding practicesfor creating a matrix model for action in primary health care
Laís Amaral Mais 1Semíramis Martins Álvares Domene 2Marina Borelli Barbosa 1José Augusto de Aguiar Carrazedo Taddei 1
Abstract Timely and appropriate complementa- ResumoA alimentação complementar adequada ry feeding is essential for the healthy growth ande oportuna é essencial para o crescimento e o de-development of children, and Primary Healthsenvolvimento saudáveis da criança, sendo a Aten-Care, especially the Family Health Support Nu-ção Primária à Saúde, em especial os Núcleos declei, are the ideal location for developing relevantApoio à Saúde da Família, o lócus ideal para oactions during this period. A cross-sectional studydesenvolvimento de ações pertinentes a esta práti-that applied a questionnaire to mothers and an-ca. Estudo transversal com aplicação de questio-thropometric evaluation for 324 children soughtnário para mães e avaliação antropométrica deto develop an index of complementary feeding in-324 crianças visou desenvolver um escore de ina-adequacies and to study its association with so-dequações na alimentação complementar e estu-cial, economic, clinical, epidemiological and nu-dar suas relações com variáveis socioeconômicas,tritional variables. For quantification of feedingclínico-epidemiológicas e nutricionais. Para quan-inadequacies, an index using the Delphi methodtificação das inadequações alimentares foi criadowas created. High frequencies were observed forum escore por meio do Método Delphi. Foram ob-all inadequacies, especially for late introduction ofservadas altas frequências para todas as inadequa-solids (80.2%), early introduction of sugar/thick-ções, especialmente na introdução tardia de sóli-eners (78.1%) and liquids (73.5%). The most sig-dos (80,2%), precoce de açúcares/engrossantesnificant results of these associations were early(78,1%) e precoce de líquidos (73,5%). Entre asweaning of exclusive (p = 0.000) and total (p =variáveis mais significantemente associadas com0.005) breastfeeding, absence of partner (p = 0.001)o escore estão desmame precoce do aleitamentoand the mother supporting the family financiallymaterno exclusivo (p = 0,000) e total (p = 0,005),(p = 0.025). The use of this index identifies high-ausência de companheiro (p = 0,001) e a mãe serer-risk situations for developing a nutritional as-chefe da família (p = 0,025). A utilização do escore
Pediatria, UniversidadeFederal de São Paulo. R. sistance action plan, especially when it comes toidentifica situações de maior risco para subsidiaras ações prioritárias da assistência nutricional, es-Key words Complementary feeding, Infant nu- pecialmente para promover o trabalho matricial.
Paulo SP Brasil. [email protected]trition, Nutritionist; Primary Health CarePalavras-chave Alimentação complementar, Nutrição do lactente, Nutricionista, Atenção Pri-
Instituto Saúde e Sociedade,Universidade Federal de SãoPaulo. Introdução
SF incluem-se a promoção de práticas alimenta-res saudáveis; a construção de estratégias volta-
A partir do sexto mês de vida da criança, a quan-
das aos distúrbios alimentares, o desenvolvimen-
tidade e a composição do leite materno não são
to de projetos terapêuticos, especialmente para
suficientes para atender as necessidades nutricio-
doenças e agravos não transmissíveis; a realiza-
nais da criança, e tem início o período da alimen-
ção do diagnóstico alimentar e nutricional da
tação complementar (AC). Nesta fase, os novos
população, com o reconhecimento do território
alimentos devem ser introduzidos de forma len-
e a identificação de grupos de risco, e demais ações
ta e gradual, com consistência espessa e proveni-
para a promoção da Segurança Alimentar e Nu-
ente de todos os grupos alimentares, evitando-se
tricional (SAN) e do Direito Humano à Alimen-
Nos últimos anos, as ações de aleitamento
A compreensão da realidade por meio do re-
materno (AM) sofreram grandes avanços, po-
conhecimento do território e dos indicadores
rém o mesmo não ocorreu em relação à AC, ha-
epidemiológicos e nutricionais permite conhecer
bitualmente iniciada precocemente e de forma
o contexto social e promover a corresponsabili-
inadequada, com predominância de alimentos
zação e o protagonismo dos sujeitos. A aborda-
lácteos, preparados à base de leite de vaca inte-
gem multiprofissional favorece o estabelecimen-
gral, acrescidos de farináceos e açúcar1,4-7.
to de associações entre as características cultu-
Um dos motivos para este cenário é a dificul-
rais e sociodemográficas da família, seu padrão
dade encontrada pelos profissionais de saúde fren-
de vida e práticas alimentares inadequadas, como
te à escassez de consensos e o contingenciamento
a introdução em tempo inoportuno da AC8,21.
de recursos destinados à formação continuada
A utilização de um escore construído a partir
dos profissionais da rede e estruturação da Aten-
de variáveis socioeconômicas, clínico-epidemio-
ção Básica (AB)8,9. Nesta direção, o governo fe-
lógicas e nutricionais possibilita resumir em uma
deral publicou diversos documentos com estra-
escala componentes complexos de um processo
tégias voltadas à AC como a “ENPACS – Estraté-
de determinação e tem como vantagens incor-
gia Nacional para Alimentação Complementar”
porar o conhecimento acumulado na literatura
(2010) e o programa “Amamenta e Alimenta Bra-
na exploração do processo em questão ao atri-
sil”, que reforça e incentiva a promoção do AM e
buir valor específico para cada indivíduo da po-
da AC saudável no âmbito do Sistema Único de
pulação estudada, gerando informação de fácil
No início dos anos 90 é lançada a Estratégia
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um
Saúde da Família (ESF), que tem como base a
escore de inadequações na AC (EIAC) e estudar
atenção em seu território, a partir de ações de
sua associação com variáveis socioeconômicas,
promoção, proteção e recuperação da saúde de-
clínico-epidemiológicas e nutricionais. Esta aná-
senvolvidas por uma equipe multidisciplinar, com
lise visa propor ações e estratégias para a abor-
ênfase na autonomia dos sujeitos, no planeja-
dagem nutricional adequada da criança durante
mento local participativo e na parceria com os
o primeiro ano de vida no âmbito da AP.
demais setores12,13. Como suporte técnico-peda-gógico e retaguarda assistencial, é proposto oapoio matricial às Equipes de Saúde da Família
Métodos
(SF) a fim de ampliar seu campo de atuação equalificar as ações em saúde, integrando distin-
Trata-se de um estudo transversal de aborda-
gem quali-quantitativa que se deu a partir do
Para estruturar o apoio matricial, em 2008
contato com a equipe da Unidade de Saúde da
foram criados os Núcleos de Apoio à Saúde da
Família Perseu Leite de Barros (USF-PLB), loca-
Família (NASF), “com o objetivo de ampliar a
lizada no distrito Noroeste do município de Cam-
abrangência e a resolutividade das ações da Aten-
pinas, SP, e da formalização da parceria com a
ção Primária (AP), apoiando a inserção da ESF
Secretaria Municipal de Saúde. As informações
na rede de serviços e o processo de territorializa-
provenientes de um questionário realizado com
ção e regionalização a partir da AP”. O nutricio-
famílias com crianças menores de 6 anos foram
nista é um dos profissionais que podem compor
Foi realizado o reconhecimento da área de
Entre as ações de alimentação e nutrição a
abrangência da USF, nos anos de 2009 e 2010. Os
serem desenvolvidas nos NASF pelas Equipes de
dados do Censo de 2008 (IBGE) foram empre-
Ciência & Saúde Coletiva, 19(1):93-104, 2014
gados para a realização da amostragem, que ocor-
perda amostral de 4,4%. Quando existia mais
reu de acordo com a distribuição da população
que uma criança menor de seis anos no domicí-
nos domicílios da área de cobertura da USF refe-
lio que compunha a amostra, a análise foi restri-
rentes a 19 setores censitários. Foi sorteado em
ta à última criança nascida de cada família para
cada setor o número de residências proporcio-
diminuir o viés recordatório e evitar a dupla re-
nal à sua representatividade na área de estudo,
seguida da seleção dos domicílios por critério de
Foi criado um banco de dados no pacote es-
tatístico SPSS 18.028, com dupla digitação e vali-
Os critérios de inclusão das unidades amos-
dação dos dados e, para a quantificação das ina-
trais para o estudo foram famílias com crianças
dequações alimentares de cada criança foi criado
de zero a seis anos, não portadoras de doenças
o Escore de Inadequações na Alimentação Com-
crônicas e residentes na área de cobertura da USF.
plementar (EIAC) com pontuação de zero a dez
Para a realização da coleta de dados, três nu-
a partir de sete componentes de análise, confor-
tricionistas foram treinadas quanto à abordagem
para aplicação do questionário junto às mães e às
O EIAC foi desenvolvido a partir dos resulta-
técnicas antropométricas para avaliação da con-
dos de painéis de especialistas estruturados em
dição nutricional das crianças. Utilizou-se estadi-
consonância com o Método Delphi, que se fun-
ômetro horizontal para crianças menores de 2
damenta em pesquisas estruturais e utiliza de
anos, estadiômetro vertical para aquelas entre 2 a
forma quantitativa as melhores estimativas pon-
6 anos e para ambas a balança digital, procedi-
derais dos participantes, os quais devem ser es-
mentos realizados de acordo com as orientações
pecialistas no tema em questão29. Para o desen-
da OMS25. As mensurações antropométricas fo-
volvimento do EIAC se considerou a importân-
ram classificadas segundo as curvas de crescimen-
cia de cada componente de inadequação na ali-
to da OMS de 2005, utilizando-se os programas
mentação da criança; assim quanto mais graves
WHO Anthro26 e WHO AnthroPlus27. As entre-
as consequências para a saúde da criança, maior
vistas com os responsáveis das crianças residen-
a pontuação do componente. No caso da ocor-
tes nos domicílios selecionados e obedecendo a
rência de desvio de um ou mais itens de uma
proporcionalidade amostral foram realizadas em
mesma inadequação, a pontuação não muda;
três situações: na própria USF, enquanto os paci-
foram consultados 10 especialistas, doutores na
entes aguardavam na sala de espera pelas consul-
tas; na creche local ou durante as visitas domicili-
Para o estudo da associação entre o EIAC e as
ares, com o acompanhamento dos Agentes Co-
variáveis de interesse foi utilizado o modelo biva-
riado, definido a partir dos valores de p < 0,1 nos
O questionário estruturado e pré-codificado
testes do qui-quadrado, justificados pela nature-
utilizado continha questões sobre condições so-
za do estudo qualiquantitativo. O ponto de corte
ciodemográficas (condição empregatícia e esco-
utilizado para o EIAC foi < P25 para menos ina-
laridade materna, presença de companheiro, chefe
dequações e > P25 para mais inadequações.
da família, faixa de renda, tipo de moradia, apoio
O estudo integrou o projeto ‘Desenvolvimento
de programa do governo), de gestação (nº de
de modelo matricial para a inserção de ações de
consultas pré-natal, tabagismo, tipo de parto,
nutrição e dietética para o combate aos princi-
intervalo interpartal), de nascimento da criança
pais distúrbios nutricionais no Programa de Saú-
(prematuridade, peso ao nascer, nº de irmãos),
de da Família – PSF-Nutri’, financiado pela Fun-
sobre AM (tempo de aleitamento materno total
dação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
(AMT) e exclusivo (AME), idade de introdução
da chupeta), introdução de alimentos (local equem orientou a introdução da AC, idades deintrodução dos alimentos) e avaliação antropo-
Resultados
métrica [estatura/idade (E/I) e índice de massacorporal/idade (IMC/I)].
A Tabela 2 contém os dados do estudo da associ-
Foram entrevistadas 339 famílias, com 15
ação entre as variáveis socioeconômicas, clínico-
perdas por: dados incompletos do questionário;
epidemiológicas e nutricionais e o EIAC. Segundo
criança portadora de deficiência; criança adota-
a análise descritiva, grande parte das mães apre-
da; famílias não residentes da área de cobertura
sentou baixa escolaridade (38,3%) e, a maioria
da USF. Assim, a população de estudo foi com-
delas, baixa renda familiar (71,1%), sendo que
posta por 324 crianças entre zero e seis anos com
76,5% estão empregadas. Apenas 22,5% das mães
Tabela 1. Distribuição da ocorrência das inadequações alimentares que compõem o Escore de Inadequações na Alimentação Complementar (EIAC). Centro de Saúde Perseu Leite de Barros (CS-PLB), Campinas, SP, 2009-2010. Inadequações % de ocorrência da Valor para alimentares inadequação na amostra Composição ponderação
Papa salgadaCarne vermelhaFrangoFígadoPeixeCerealLeguminosa
Papa salgadaCarne vermelhaFrangoFígadoPeixeCerealLeguminosa
gorduras (exceto óleo) Utilização de condimentos industrializados Total
vivem sem companheiro, mas 19,5% do total são
de prematuridade e de baixo peso ao nascer,
as principais provedoras da casa, caracterizando-
10,5% e 10,2%, respectivamente. Quanto à an-
se como chefes da família. A minoria da popula-
tropometria, desvios tanto de E/I quanto de
ção não possui casa própria (36,7%), bem como
IMC/I foram observados em 7,1% e 20,7% das
recebe apoio de programa do governo (28,1%).
Em relação às características de gestação e
O local onde a maioria das crianças iniciou a
nascimento da criança, 69,9% das mães realiza-
AC foi na própria casa (95,6%) e normalmente
ram 8 ou mais consultas pré-natal, porém mais
com orientação do pediatra (57,9%). Alta fre-
da metade dos partos foram cesáreas (54,6%),
quência foi observada na introdução precoce da
provavelmente o que justifica os índices elevados
Ciência & Saúde Coletiva, 19(1):93-104, 2014
Tabela 2. Distribuição das variáveis socioeconômicas, clínico-epidemiológicas e nutricionais segundo categorias do Escore de Inadequações Alimentares (EIAC). Centro de Saúde Perseu Leite de Barros (CS-PLB), Campinas, SP, 2009-2010. Odds Ratios Variáveis (% categoria inadequações inadequações de risco) 5,30 (1,85-15,14) 2,89 (1,10-7,60) 1,61 (0,93-2,83) 1,95 (0,95-3,99)
Observou-se que as inadequações em rela-
tuno ou que somente o leite materno não era
ção à introdução precoce de alimentos ocorrem
suficiente; 32,4% dos pais introduziram os no-
na maioria dos casos. A maioria das crianças
vos alimentos por orientação do pediatra. Já a
(36,8%) recebeu a AC por crenças da mãe e de
volta ao trabalho da mãe e/ou a entrada da criança
parentes, por entenderem que o tempo era opor-
na creche foram responsáveis pela introdução da
Tabela 2. continuação Odds Ratios Variáveis (% categoria inadequações inadequações de risco) 3,08 (1,37-6,93) 4,51 (2,45-8,28)
Local de início da introdução de alimentos
Quem orientou a introdução dos alimentos
AC em 12,5% dos casos, percentual similar às
relevantes para o planejamento de ações que visam
questões relacionadas à criança e suas necessida-
o matriciamento em nutrição infantil no âmbito
des, como a própria vontade do bebê, cólica, sede
da ESF, principal orientação metodológica adota-
e como forma de acalmar a criança (10,1%).
da na política nacional de saúde voltada à AB e ao
Outros motivos levaram a 8,1% da introdução
fortalecimento da rede de assistência; adota o pro-
cesso de avaliação de situações de determinação
O estudo analítico para verificação da associ-
complexa a partir da adoção de escore produzido
ação entre as variáveis indica que a ausência de
por meio de painéis de especialistas como estraté-
companheiro (OR = 5,30 e IC = 1,85-15,14), a
gia inovadora para instrumentalizar o trabalho
mãe ser chefe da família (OR = 2,89 e IC = 1,10-
matricial dos 1038 nutricionistas presentes nos 1388
7,60) e possuir moradia própria (p = 0,088, OR
NASF implantados até julho de 201130.
= 1,61e IC = 0,93-2,83) estão relacionados a mai-
Os resultados apresentados neste estudo po-
ores pontuações no EIAC. Ter realizado 8 con-
dem ser adotados em unidades e agrupamentos
sultas pré-natal ou menos também se revelou
populacionais similares, sobretudo para ações de
uma variável de risco quando associada ao EIAC
monitoramento. Não se constituem, no entanto,
(p = 0,066, OR = 1,95 e IC = 0,95-3,99).
em informações referentes a processos biológi-
Também houve associação entre o EIAC e o
cos e fisiopatológicos, mas ligados à organização
menor tempo AMT (OR = 3,08 e IC = 1,37-6,93)
social e política das comunidades, podendo, por-
e AME (OR = 4,51 e IC = 2,45-8,28), por se tratar
tanto, variar em diferentes cenários. Isso justifica
de variáveis espelhares da introdução da AC.
a proposta de replicação do método para orien-tação das ações de nutrição infantil visando àgeração de informações que poderão contem-
Discussão
plar a ampla gama de situações encontradas naESF na forma de novos componentes de análise.
O presente estudo é de caráter operacional e des-
No modelo de política de saúde adotado no
creve um método para a sistematização de dados
Brasil, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem os
Ciência & Saúde Coletiva, 19(1):93-104, 2014
NASF como apoio da ESF, organizados a partir
Em relação ao oferecimento precoce de sóli-
de ferramentas conceituais como o apoio matri-
dos em 48,1% dos casos, houve concordância
cial que orienta os processos de trabalho21. A pro-
com os achados de estudos nacionais e interna-
posta de ações deriva do reconhecimento do ter-
cionais31,35,41. Dentre as desvantagens da intro-
ritório, que levou ao diagnóstico das práticas de
dução precoce de sólidos estão a diminuição da
AC na população estudada. Para isso, foram uti-
duração do AM e a interferência na absorção de
lizadas as frequências dos desvios alimentares,
nutrientes importantes existentes no leite huma-
os motivos que levaram as mães a introduzir
no, como ferro e zinco42. Segundo estudo quali-
precocemente os alimentos e o EIAC associado a
tativo realizado em cinco macrorregiões brasilei-
variáveis socioeconômicas, clínico-epidemiológi-
ras, a percepção da fome é a lógica que leva as
cas e nutricionais das mães e de seus filhos.
Os resultados disponíveis a partir do reco-
A introdução tardia da AC também se cons-
nhecimento do território vão ao encontro dos
titui em importante erro alimentar pelo possível
dados apresentados na literatura para subsidiar
comprometimento de crescimento e desenvolvi-
as propostas de orientação e operacionalização
mento da criança, o que pode levar ao aumento
na alimentação infantil no âmbito do NASF. Um
do risco de desnutrição e deficiência de micronu-
exemplo são as frequências de inadequações ali-
trientes10,44. No presente estudo, 19,8% e 80,2%
mentares apresentadas na Tabela 1. Destaca-se
das crianças tiveram o primeiro contato com lí-
que 73,5% das crianças receberam precocemente
quidos e sólidos tardiamente, de forma seme-
algum tipo de líquido (água, chá, suco de fru-
lhante ao constatado por estudos realizados em
tas), 39,8% receberam leite de vaca e 78,1% rece-
São Paulo, SP e Florianópolis, SC7,33,35.
beram açúcar e/ou engrossante antes dos 12 me-
Outro aspecto observado na composição do
ses. Tais resultados são concordantes com aque-
EIAC foi a inadequação no preparo de papas (uso
les encontrados em estudos transversais com
de condimentos industrializados e qualquer ou-
aplicação de questionário realizados em cidades
tra fonte de gordura que não seja o óleo vegetal),
de grandes centros urbanos brasileiros31-33.
relatada por 57,1% dos responsáveis. Estudo ar-
Acredita-se que o motivo para a introdução
gentino registrou que 76,09% dos responsáveis
precoce de água e suco de frutas se dá pela crença
entrevistados adicionaram óleo vegetal à primei-
das mães de que a criança sente sede e pode desi-
ra papa salgada da criança, enquanto que 25,42%
dratar-se, principalmente em períodos de calor;
adicionaram manteiga45. De acordo com orien-
quanto ao chá, atribui-se a este alimento propri-
tações do Ministério da Saúde (MS)46, é contra-
edades calmantes e de melhora de episódios de
indicada a adição de condimentos prontos no
cólica, o que não encontra apoio nos estudos a
preparo da papa salgada para evitar os riscos de
excesso de sódio. Além disso, a fonte de gordura
Já a introdução precoce de leite de vaca inte-
indicada é o óleo vegetal para fornecer ácidos
gral ocorre habitualmente por ser uma caracte-
graxos essenciais, além de promover melhor con-
rística cultural, já que é visto como um dos ali-
sistência e sabor aos alimentos2,47.
mentos mais importantes para a saúde da crian-
Os resultados apresentados na Tabela 2 mos-
ça37. Sua introdução antes dos 12 meses é contra-
tram que as mães que vivem sem companheiro
indicada por ser responsável por 20% das alergi-
apresentam alto risco para cometer inadequações
as alimentares, podendo desencadear diabetes
na AC, o que já foi observado na Austrália, onde
melito tipo 1, doenças atópicas como a asma,
53,8% das mães sem companheiros introduziram
micro-hemorragias intestinais, e sobrecarga do
a AC precocemente (antes das 17 semanas). Em
sistema imune e renal, bem como o desmame
Campinas, SP, encontrou-se risco seis vezes mai-
or de mães sem companheiro amamentarem ex-
No Brasil esse desvio alimentar ocorre com a
clusivamente por menos tempo seus filhos. No
introdução combinada de açúcares e engrossan-
mesmo município, a mediana de AME foi de 90
tes, alimentos que além de serem isentos de mi-
dias para as mães com companheiro, enquanto
cronutrientes, aumentam a densidade energética
para as demais foi de apenas 60 dias, o que é espe-
e tem em sua composição a sacarose, considera-
lhar para a introdução precoce de alimentos com-
da o dissacarídeo mais cariogênico. Tais alimen-
plementares, mais frequente entre mães que não
tos são precocemente introduzidos na alimenta-
contam com o suporte do parceiro5,32,48.
ção infantil pela tendência materna de oferecer
Em relação à associação encontrada entre o
alimentos doces, o que “satisfará o paladar da
EIAC e a mãe ser chefe da família, não se encon-
criança” e “a manterá bem alimentada”1,39,40.
trou estudo que utilize tal variável para explicar o
grau de inadequações na introdução da AC. A
ta de monitoramento por meio da identificação
mãe ser chefe da família relaciona-se com a au-
de práticas alimentares inadequadas e de grupos
sência de companheiro, o que leva a mulher a
vulneráveis, a partir da criação de programas de
trabalhar fora de casa em busca de meios para
educação nutricional mais efetivos e da verifica-
sustentar sua família, sendo esta, muitas vezes, a
ção do impacto dos programas já existentes24.
Nos NASF, o EIAC funcionaria como um indica-
A industrialização e a inserção da mulher no
dor para identificar as situações de maior risco
mercado de trabalho levam a alterações nos há-
para uma AC inadequada. Tais informações po-
bitos alimentares familiares e impactam direta-
deriam ser coletadas por profissionais das Equi-
mente na alimentação infantil32,50. Este cenário é
pes de SF, como os ACS, que estão presentes na
característico da família contemporânea33. A res-
USF em tempo integral. Após a coleta, os dados
ponsabilidade pela renda familiar também inter-
podem ser adotados pelo nutricionista do NASF
fere no aleitamento materno, como apontado em
para a avaliação da situação de saúde e nutrição
coorte realizada na capital paulista: as mães que
daquela população, bem como decisões acerca
não trabalhavam fora de casa apresentaram uma
introdução mais tardia de outros tipos de leite e,
Este não é o primeiro escore criado para tra-
portanto, maior tempo de aleitamento mater-
duzir as práticas alimentares infantis. Em 2006,
no35. Estudo com 516 mães da cidade de Floria-
na Índia, foi criado o Infant and Child Feeding
nópolis encontrou associação entre baixa esco-
Index (ICFI) e foi estudada sua associação com
laridade materna e atividade fora do lar com in-
o crescimento de crianças entre 6 e 23 meses. Este
escore conta com cinco variáveis, sendo uma re-
A associação entre as maiores pontuações do
lativa ao tempo de introdução da AC, assim
EIAC e a realização de menor número de consul-
como o do presente estudo, dada a importância
tas durante o pré-natal também foi encontrada
que a introdução oportuna dos alimentos tem
em inquérito domiciliar de abrangência nacional
sobre o crescimento e desenvolvimento infantis;
realizado na Índia e no Nepal, especificamente
os demais componentes, contudo, tratam da di-
para os riscos de não introdução da AC, de baixa
versidade da dieta, da duração do aleitamento,
diversidade da dieta, de baixa frequência das re-
do apoio psicossocial durante a alimentação e de
feições e de baixa aceitabilidade da dieta por par-
Grande parte dos motivos citados pelas mães
para a introdução precoce da AC está relacionada
maiores valores de EIAC pode ser explicado pelo
às suas crenças (36,8%) ou de parentes, e à crian-
fato de o AM e a AC serem variáveis espelhares.
ça e suas necessidades (10,1%). Tal fato é concor-
Uma vez que a mãe ofereceu qualquer alimento à
dante com o estudo realizado em 200948, cujos
criança, o AME chega ao fim, o que provavel-
achados mostram que o principal motivo apon-
mente levará a um tempo de AMT menor, já que
tado pelas mães para introduzir sólidos antes das
a criança começou a se alimentar com outros pro-
17 semanas foi a percepção de que seus filhos pre-
dutos e, muitas vezes, com outros tipos de leite5.
cisavam ou estavam prontos para receber este tipo
O EIAC foi criado pela escassez de indicado-
de alimento. Em ambos os casos os indicadores
res consistentes que descrevam, meçam e quanti-
para tais motivos são subjetivos. No relato de
fiquem as complexas práticas relacionadas à AC;
uma mãe participante do estudo de Salve e Silva54,
traduzidas na forma de um valor para estimar a
percebe-se claramente a influência direta que as
inadequação da alimentação infantil, que é mul-
crenças e percepções maternas têm sobre a ali-
tidimensional, podem constituir um indicador
mentação infantil: “Uso a minha experiência, por-
de risco nutricional em saúde. No presente estu-
que já cuidei muito de criança. É natural da vida,
do, o objetivo foi resumir no EIAC as idades de
está com fome você dá comida. Quando você está
introdução dos alimentos e o modo de preparo
comendo perto dela parece que come com os olhi-
da papa salgada, na forma de um único indica-
nhos, abre a boca, fica com vontade.”.
dor para facilitar a análise das associações. É
Por outro lado, 32,4% das mães relataram
importante enfatizar a falta de recomendações
ter tomado a decisão de introduzir a AC com
internacionais claras sobre a AC, o que dificulta
base nas condutas do pediatra; importante re-
o desenvolvimento de indicadores universais e
gistrar que estas mães praticaram o desmame
de pontos de corte específicos22-24.
precoce associado a níveis insatisfatórios de saú-
O EIAC tem o potencial de facilitar o planeja-
de dos lactentes10. A falta de preparo e capacita-
mento de programas e de servir como ferramen-
ção dos profissionais de saúde em relação ao tema
Ciência & Saúde Coletiva, 19(1):93-104, 2014
justifica a necessidade de treinamentos e educa-
Outra ação que se mostrou simples, porém
ção continuada, especialmente nas USF, onde
facilitadora do trabalho do nutricionista foi a
existe a possibilidade do trabalho em conjunto
adição de questões referentes ao estado nutricio-
de pediatras e nutricionistas por meio dos NASF5.
nal da criança e das práticas alimentares no ques-
A necessidade de a mãe voltar ao trabalho para
tionário já utilizado pelos ACS para identificar
ajudar no sustento da família e assim ter que co-
os domicílios e as famílias residentes na área de
locar a criança na creche, foi o motivo apontado
cobertura da USF e Equipe de SF. Tais questões
por 12,5% das mães, frequência menor do que os
foram pensadas para serem objetivas, em núme-
28,6% encontrados em estudo realizado em São
ro reduzido, mas que ofereçam ao nutricionista
Paulo, SP5; esta condição gera a necessidade de
informações importantes para a identificação de
articular as responsabilidades do trabalho com
situações de risco e aquelas já instaladas. À luz
as familiares, e a mulher assume as responsabili-
dos resultados das associações com o EIAC, é
dades de manutenção e sustento econômico, afe-
possível identificar mulheres grávidas mais pro-
tivo, de cuidado dos filhos e da casa55.
pensas a cometerem inadequações na AC que,
Os achados deste estudo referentes à AC po-
em uma percepção matricial na atenção, devem
dem ter aplicabilidade nos processos de trabalho
ser motivo de priorização das atividades coleti-
das Equipes de SF e dos NASF na definição e
vas comunitárias e da atuação da equipe.
reconhecimento do território de atuação, a par-
A fim de se trabalhar com os profissionais da
tir da análise da situação de saúde da população,
equipe, pode-se discutir o significado do EIAC e
considerando os aspectos culturais, sociais, eco-
sua contribuição para o agendamento de visitas
nômicos, demográficos e epidemiológicos53. A
domiciliares e convite a participar de grupos. O
atuação do nutricionista no NASF está em cons-
escore é um instrumento pedagógico e facilita-
trução e ganha estrutura a partir das experiênci-
dor da comunicação na equipe, a ser trabalhado
as de desenvolvimento e amadurecimento orga-
por meio da educação nutricional a partir da
nizacional da assistência em rede. Algumas ações
problematização e contextualização dos casos
testadas por ocasião deste trabalho de campo
mostraram-se efetivas e bem aceitas, tanto pela
As atividades educativas também foram rea-
lizadas na creche e na igreja locais. Naquele caso,
Foram realizados grupos de gestantes inter-
os professores puderam aprender e tirar dúvidas
disciplinares com a participação de ACS, enfer-
sobre AM e AC, assuntos importantes visto que
meiras e médicos, abordando questões relacio-
todas as crianças realizam pelo menos três refei-
nadas à alimentação da gestante e AM. Os resul-
ções por dia na creche sob acompanhamento
tados do EIAC poderiam fomentar, nesses gru-
destes profissionais, potenciais estimuladores da
pos, a discussão de temas relacionados à AC.
alimentação saudável desde os primeiros anos
Com o mesmo foco, porém de forma indivi-
de vida das crianças57. A aplicação do EIAC nesse
dualizada, foram realizados atendimentos com
contexto facilitaria a identificação de ações nas
duração média de 20 minutos durante o pré-na-
creches que inadvertidamente levam a inadequa-
tal, abordando os temas ‘alimentação na gesta-
ções na AC. Já na igreja local foram realizadas
ção e preparo das mamas’ e ‘AM’ em diferentes
oficinas culinárias contando com a participação
trimestres. Por ser uma atividade individualizada,
ativa das mães no preparo dos alimentos, o que
é de interesse abordar aquelas mães identificadas
foi estimulador especialmente para aquelas iden-
como mais vulneráveis pela pontuação do EIAC
tificadas como vulneráveis pelo EIAC.
(mães sem companheiro, chefes da família e com
Ação promissora ainda não testada no âm-
casa própria), para abordagem do tema ‘AC’.
bito do trabalho de campo é a realização de con-
Visando complementar o grupo de gestantes
sultas compartilhadas. A criação de protocolos
e o atendimento nutricional no pré-natal, foram
de atendimento com questões específicas sobre
realizadas visitas domiciliares às puérperas e aos
recém-nascidos a fim de acompanhar as práti-
O presente estudo apresenta algumas limita-
cas de AM e de introdução oportuna dos alimen-
ções. O EIAC é um indicador para traçar o perfil
tos. Este momento também é individualizado,
da população do estudo, porém não considera o
portanto, pode ser priorizado quando identifi-
tempo de introdução de alimentos industrializa-
cada a situação de risco nutricional, para abor-
dos, consistência/textura da papa oferecida, uten-
dagem em visita com o acompanhamento de um
sílio utilizado no oferecimento da alimentação,
ACS, profissional responsável pelo vínculo com
horários e fracionamento das refeições, quanti-
dade dos alimentos, bem como modo de preparo
da papa. É importante ressaltar a ausência do tem-
que as características da área geográfica e dos
po de introdução do ovo na AC, tendo em vista a
recente mudança nas recomendações que anteci-param sua oferta na AC de 12 meses para a partirdos 6 meses. Tal mudança, ainda hoje, leva a con-
Conclusão
dutas diversas por parte dos profissionais, o quepoderia gerar um viés na composição do EIAC.
Indicadores de práticas alimentares podem ser
Além disso, os dados obtidos neste estudo
usados para compor um escore para acompa-
são provenientes da área de cobertura de apenas
nhamento da AC como parte das ações desen-
uma USF, não sendo generalizáveis para todos
volvidas pelo nutricionista na AB. Na perspecti-
os municípios brasileiros. Apesar destas limita-
va do trabalho matricial, ferramentas de apoio à
ções, a intenção da coleta de dados foi realizar o
assistência que viabilizem o reconhecimento do
reconhecimento do território, com a identifica-
território podem representar um recurso adicio-
ção dos desvios mais frequentes na AC e de qual
nal para a adequada abordagem das situações
é o perfil mais associado a tais inadequações, dado
Colaboradores
LA Mais e JAAC Taddei participaram da concep-ção, delineamento, análise e interpretação dosdados, redação e revisão crítica do artigo, e apro-vação da versão a ser publicada. SMA Domeneparticipou da concepção, delineamento, redaçãoe revisão crítica do artigo, e aprovação da versãoa ser publicada. MB Barbosa participou da con-cepção, delineamento e revisão crítica do artigo.
Ciência & Saúde Coletiva, 19(1):93-104, 2014
Referências
ESPGHAN Committee on Nutrition. Medical posi-
16. Arona EC. Implantação do matriciamento nos ser-
tion paper - Complementary feeding: A commen-
viços de saúde de Capivari. Saude Soc 2009; 18(Supl.
tary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. JPediatr Gastroenterol Nutr 2008; 46(1):99-110.
17. Dimenstein M, Severo AK, Brito M, Pimenta AL,
Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Aten-
Medeiros V, Bezerra E. O apoio matricial em Unida-
ção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saú-
des de Saúde da Família: experimentando inovações
de da Criança: Nutrição infantil:aleitamento mater-
em saúde mental. Saude Soc 2009; 18(1):63-74.
no e alimentação complementar. Brasília: MS; 2009.
18. Figueiredo MD, Campos RO. Saúde Mental na aten-
(Série A. Normas e Manuais Técnicos, Cadernos
ção básica à saúde de Campinas, SP: uma rede ou
um emaranhado? Cien Saude Colet 2009; 14(1):129-
Brasil. Ministério da Saúde (MS). Dez passos parauma alimentação saudável: Guia alimentar para
19. Brasil. Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008.
menores de dois anos – Um guia para o profissio-
Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família –
nal da saúde na atenção básica. 2ª Edição. Brasília:
NASF. Diário Oficial da União 2008; 24 jan.
MS; 2010. (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
20. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Aten-
Oliveira LPM, Assis AMO, Pinheiro SMC, Prado
ção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
MS, Barreto ML. Alimentação complementar nos
Coordenação-Geral da Política de Alimentação e
primeiros dois anos de vida. Rev Nutr 2005; 18(4):
Nutrição. Manual de orientação das ações de alimen-tação e nutrição nos Núcleos de Apoio à Saúde da
Barbosa MB, Palma D, Domene SMA, Taddei JAAC,
Família. Brasília: MS; 2010. (Série A. Normas e
Lopez FA. Fatores de risco associados ao desmame
precoce e ao período de desmame em lactentes
21. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Aten-
matriculados em creches. Rev Paul Pediatr 2009;
ção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dire-trizes do NASF: Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
Dias MCAP, Freire LMS, Franceschini SC. Reco-
Brasília: MS; 2010. (Série A. Normas e Manuais Téc-
mendações para alimentação complementar de
nicos, Cadernos de Atenção Básica, Nº 27)
crianças menores de dois anos. Rev Nutr 2010; 23
22. Srivastava N, Sandhu A. Infant and child feeding
index. Indian J Pediatr 2006, 73(9):760-770.
Golin CK, Toloni MHA, Longo-Silva G, Taddei
23. Srivastava N, Sandhu A. Index for measuring child
JAAC. Erros alimentares na dieta de crianças fre-
feeding practices. Indian J Pediatr 2007; 74(4):363-
quentadoras de berçários em creches públicas no
município de São Paulo, Brasil. Rev Pauli Pediatr
24. Garg A, Chadha R. Index for measuring the quality
of complementary feeding practices in rural India.
Fernandez PMF, Voci SM, Kamata LH, Najas MS,
J Health Popul Nutr 2009; 27(6):763-771.
Souza ALM. Programa Saúde da Família e as ações
25. World Health Organization (WHO). Physical Sta-
em nutrição em um distrito de saúde do município
tus: The Use and Interpretation of Anthropometry.
de São Paulo. Cien Saude Colet 2005; 10(3):749-755.
Geneva: WHO; 1995. (Technical Report Series, Nº
Bassichetto KC, Réa MF. Infant and young child
feeding counseling: An intervention study. J Pediatr
26. World Health Organization (WHO). WHO Anthrofor personal computers manual: Software for assess-
10. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Dez passos para
ing growth and development of the world’s chil-
uma alimentação saudável para crianças brasileirasmenores de dois anos. Brasília: MS; 2010. (Série A,
27. World Health Organization (WHO). WHO An-throPlus for personal computers manual: Software
11. Brasil. Ministério da Saúde (MS). ENPACS – Estra-
for assessing growth of the world’s children and
tégia Nacional para Alimentação Complementar –
Caderno do Tutor. Série A. Normas e Manuais Téc-
28. Statistical Package for the Social Science for Win-
dows (SPSS) versão 18.0. Chicago: SPSS; 2000.
12. Rosa WAG, Labate RC. Programa Saúde da Famí-
29. Wounderberg F. An evaluation of Delphi. Technol
lia: A construção de um novo modelo de assistên-
Forecast Soc Change 1991; 40:131-150.
cia. Rev Lat Am Enfermagem 2005; 13(3):1027-1034.
30. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Departamento de
13. Shimizu HE, Rosales C. As práticas desenvolvidas
Atenção Básica e Saúde da Família. Brasília: MS; 2011.
no Programa Saúde da Família contribuem para
31. Modesto SP, Devincenzi UM, Sigulem DM. Práti-
transformar o modelo de atenção à saúde? Rev Bras
cas alimentares e estado nutricional de crianças no
segundo semestre de vida atendidas na rede públi-
Figueiredo MD. Saúde mental na Atenção Básica:
ca de saúde. Rev Nutr 2007; 20(4):405-415.
um estudo hermenêutico-narrativo sobre o apoio
32. Bernardi JLD, Jordão RE, Barros Filho AA. Alimen-
matricial na rede SUS-Campinas (SP) [tese]. Cam-
tação complementar de lactentes em uma cidade
pinas: Faculdade de Ciências Médicas; 2006.
desenvolvida no contexto de um país em desenvol-
15. Nascimento CC. Apoio matricial em saúde mental:
vimento. Rev Panam Salud Publica 2009; 26(5):405-
possibilidades e limites no contexto da Reforma
Psiquiátrica [tese]. São Paulo: Escola de Enferma-gem; 2007.
33. Corrêa EN, Corso ACT, Moreira EAM, Kazapi IAM.
46. Brasil. Ministério da Saúde (MS), Organização Pan
Alimentação complementar e características ma-
Americana da Saúde (Representação do Brasil). Guia
ternas de crianças menores de dois anos de idade
alimentar para crianças menores de 2 anos.Brasília:
em Florianópolis (SC). Rev Paul Pediatr 2009;
MS; 2002. (Série A. Normas e Manuais Técnicos, Nº
34. Audi CAF, Corrêa AMF, Latorre MRDO. Alimen-
47. Lacerda EMA, Accioly E, Costa VM, Faria IG. Prá-
tos complementares e fatores associados ao aleita-
ticas de Nutrição pediátrica. São Paulo: Editora Athe-
mento materno e ao aleitamento materno exclusi-
vo em lactentes até 12 meses de vida em Itapira,
48. Scott JA, Binns CW, Graham KI, Oddy WH. Predic-
São Paulo, 1999. Rev Bras Saude Mater Infant 2003;
tors of the early introduction of solid foods in in-
fants: results of a cohort study. BMC Pediatr 2009;
35. Simon VGN, Souza JMP, Souza SB. Introdução de
alimentos complementares e sua relação com variá-
49. Pinto RMF, Micheletti FABO, Bernardes LM, Fer-
veis demográficas e socioeconômicas, em crianças
nandes JMPA, Monteiro GV, Silva MLN, Barreira
no primeiro ano de vida, nascidas em Hospital
TMHM, Makhoul AP, Cohn A. Condição feminina
Universitário do município de São Paulo. Rev Bras
de mulheres chefes de família em situação de vul-
nerabilidade social. Serv Soc Soc 2011; (105):167-79.
36. Parada CMGL, Carvalhaes MABL, Jamas MT. Prá-
50. Silva LMP, Venâncio SI, Marchioni DML. Práticas de
ticas de alimentação complementar em crianças
alimentação complementar no primeiro ano de vida
no primeiro ano de vida. Rev Lat Am Enfermagem
e fatores associados. Rev Nutr 2010; 23(6):983-992.
51. Joshi N, Agho KE, Dibley MJ, Senarath U, Tiwari K.
37. Farias Junior G, Osório MM. Padrão alimentar de
Determinants of inappropriate complementary feed-
crianças menores de cinco anos. Rev Nutr 2005;
ing practices in young children in Nepal: secondary
data analysis of Demographic and Health Survey
38. Brunken GS, Silva SM, França GVA, Escuder MM,
2006. Matern Child Nutr 2012; 8(Supl. 1):45-59.
Venâncio SI. Fatores associados à interrupção pre-
52. Patel A, Pusdekar Y, Bodhoniya N, Borkar J, Agho
coce do aleitamento materno exclusivo e à introdu-
KE, Dibley MJ. Determinants of inappropriate com-
ção tardia da alimentação complementar no cen-
plementary feeding practices in young children in
tro-oeste brasileiro. J Pediatr 2006; 82(6):445-451.
India: secondary analysis of National Family Health
39. Biral AM, Taddei JAAC, Passoni DF, Palma D. Ín-
Survey 2005-2006. Mater Child Nutr 2012; 8(Supl.
dice de cárie e práticas alimentares entre crianças
de creches do município de São Paulo. Rev Nutr
53. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Aten-
ção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Ca-
40. Toloni MHT, Longo-Silva G, Goulart RMM, Tad-
dernos de atenção básica: Diretrizes do NASF – Nú-
dei JAAC. Introdução de alimentos industrializa-
cleo de Apoio à Saúde da Família. Brasília: MS; 2009.
dos e de alimentos de uso tradicional na dieta de
(Série A – Normas e Manuais Técnicos, Nº 27)
crianças de creches públicas no município de São
54. Salve JM, Silva IA. Representações sociais de mães
Paulo. Rev Nutr 2011; 24(1):61-70.
sobre a introdução de alimentos complementares
41. Nwaru BI, Erkkola M, Ahonen S, Kaila M, Haapala
para lactentes. Acta Paul Enferm 2009; 22(1):43-48.
A, Kronberg-Kippilä C, Salmelin R, Veijola R, Il-
55. Rotenberg S, Vargas S. Práticas alimentares e o cui-
onen J, Simell O, Knip M, Virtanen SM. Age at the
dado da saúde: da alimentação da criança à alimen-
introduction of solid foods during the first year
tação da família. Rev Bras Saude Mater Infant 2004;
and allergic sensitization at the age 5 years. Pediatr
56. Bachilli RG, Scavassa AJ, Spiri WC. A identidade do
42. Gomes PTT. Práticas alimentares de crianças meno-
agente comunitário de saúde: uma abordagem fe-
res de um ano que compareceram na Segunda Etapa
nomenológica. Cien Saude Colet 2008; 13(1):51-60. da Campanha Nacional de Vacinação no Postos de
57. Bernardon R, Silva JRM, Cardoso GT, Monteiro
Saúde fixos da cidade de Guarapuava-PR, 2004 [tese].
RA, Amorim NFA, Schmitz BAS, Rodrigues MLCF.
Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, Uni-
Construção de metodologia de capacitação em ali-
versidade Estadual do Centro-Oeste do Para-
mentação e nutrição para educadores. Rev Nutr 2009;
43. Victora CG, Knauth DR. Hábitos alimentares de
crianças menores de 2 anos: um estudo multicên-trico sobre práticas alimentares atuais no Brasil. In: Anais da Reunião da Associação Brasileira deAntropologia; 2000; Brasília.
44. Junqueira JM, Navarro AM, Cintra RMGC, Dias
LCGD. Padrão alimentar de crianças brasileirasmenores de 2 anos: uma visão crítica. Rev Simbio-logias 2008; 1(1):184-199.
45. Gatica CI, Méndez de Feu MC. Prácticas de ali-
mentación em ninõs menores de 2 años. Arch Ar-gent Pediatr 2009; 107(6):496-503.
Menopause International 2012; 18: 87–89. DOI: 10.1258/mi.2012.012011Menstruation and mental health:what’s the chance of talking about that?When asked to write this piece my first thought wasnormal and it would settle, so agreed to another injec-where will I begin? I feel its best to start from where I amtion. The bleeding did not stop and the depressiontoday and work backwards. Today I a
DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A Por parte de Portugal, o Acordo foi aprovado pelositado o seu instrumento de adesão em 30 de SetembroDecreto n.o 10/90, publicado no Diário da República, de 2004, conforme o Aviso n.o 205/2004, publicado no1.a série, n.o 82, de 7 de Abril de 1990. Diário da República, 1.a série-A, n.o 297, de 21 de Dezem-Nos termos do artigo X do Acordo, este